terça-feira, 27 de outubro de 2009

[Des]humanidades

Entre helicópteros, tiros, caveirões e notícias de [tele]jornais das últimas semanas, temos entremeado o vazio, o choro, o desespero, o sangue, o medo e a descrença. Pior que isso tudo, como efeito colateral da brutalização e o afastamento de nossas relações interpessoais, acabamos por confirmar que Darwin estava certo, quando defendeu a idéia de que havia, sim, entre os animais, a mutação, decorrente à adaptação ao meio, como forma de resistência: O que confirmaria a evolução das espécies. Neste ponto, infelizmente teremos de discordar do velho Darwin. O que didaticamente recebemos é que sobrevive ao meio aquele que é mais forte e, consecutivamente, evolui. Mas vemos hoje o processo oposto, em parte: sobrevive ao meio aquele que é mais fortemente armado e, consecutivamente, involui. Caminhamos rumo à barbárie, desumanizamos a vida e nos tornamos impotentes.
Já não mais nos toca as notícias diárias de confrontos armados, onde não mais pessoas morrem, mas sim, números, meras estatísticas. Tudo parece tão distante de nós, mas, ao mesmo tempo, tão perto, que nos deixa confusos quanto aos sentimentos. E de onde nasce, ou melhor, de onde se aborta esse projeto de humanidade? Eis uma pergunta que antes mesmo de ser concebida, se cala por falta de pensamento para produzi-la e voz para torná-la audível. Perdemos, gradativamente, a nossa identidade e com isso, estamos longe da imagem e semelhança de um Cristo que encarou tudo e a todos, por um propósito. Propósito este que nos incluía, sendo seus seguidores ou não. Hoje, construímos uma blindagem em torno de nós mesmos, a fim de nos protegermos das outras pessoas, visto que são uma ameaça. A justificativa é unânime: “não sabemos em quem confiar”. Jesus, em sua trajetória, também sentiu medo. Contudo, fez algo que não aplicamos: Ele se permitiu aos demais. Confiou na possibilidade da mudança do outro.
A descrença é fruto dos fracassos e da não humanidade do próprio mundo. E a inércia é a única alternativa [ pelo menos, é o que nos parece] de mantermo-nos vivos. Você vale aquilo que tem e não mais aquilo que se é. Uma pessoa se faz importante pela quantidade de cifras acumuladas em sua conta bancária. Ser bom tornou-se sinônimo de ser bobo, fácil de ludibriar. A sociedade, a cada atrocidade, a cada “não” dado ao que precisa de ajuda, violenta, crucifica mais uma vez o mesmo Cristo que disse sim á nós. Devemos reavaliar a nossa postura, como seres humanos, pensantes, agentes transformadores, e, sobretudo, cristãos, quanto ao panorama que se nos salta aos olhos.
Prender, matar, excluir é realmente a solução para um problema que é de todo mundo? Rodear-se de alarmes, muros e ser monitorado por câmeras possibilita maior qualidade de vida? Precisamos acreditar que estas não são soluções, mas interrupções. Tais ações interrompem a possibilidade de estabelecer com o outro uma relação humana e nos reduz a condição de moribundos. É preciso resgatar os valores que deixamos de lado. É preciso ressuscitar o Cristo que há dentro de cada um de nós, para que seja possível [re]construirmos uma civilização cujo respeito exista, onde estejamos todos vulneráveis ao amor.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

quando nasci, prenderam-me dentro de mim.


disforme no meio do universo-corpo. eu, hipérbole-interjeição-tropical. eu. de dentro pra fora. arte-caos. arte-grito. arte carne-viva. anti-arte. anti-eu.luto contra mim porque sou meu próprio inimigo. mas também sou meu herói.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

cansei

cansei. escrevo para ninguém ler. simplesmente escrevo por impulso. Quando escrevo faço uma linha, desenho uma trajetótia, que parte de um ponto -eu- e que deveria[!] chegar a algum lugar - o outro. mas não chega. Então é uma energia disperdiçada no espaço. Em vão. è um movimento nulo. Uma inação. Um não objeto. Um vazio.