quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Ensolarado


Foi assim, no meio de tanta festa, barulho. Um calor imenso que saia dos corpos em festa. Era um dia de festa. Um carnaval fora de época. Fora da época dos comuns, porque pros que ali se reuniam, era um carnaval constante essa coisa que falam que é a vida. Pois foi, assim mesmo, inebriados pelo amarelo do sol, que se refletia em amarelo-festa. E se liquidificava em amarelo-bebida. Entre um grito e outro, uma gargalhada, um gesto forte da dança, ela fala pra ele, só pra ele: "eu te amo". Rasgou-se o vão do infinito. O vento parou, o mundo inteiro engatou a ré. A órbita do universo se desembestou. E todo bolo de palavra que estava por dentro do corpo dele, retida, se remoeu todinha. E num tempo mínimo, ele viu a vida de um sujeito que, até aquele momento, era descrente, mudar. A fala da moça saiu tão descarada pra ele que, mesmo ele sendo um ator constante, não conseguiu improvisar e devolveu com toda a sua vida a frase pra moça de seu olhos: "eu também te amo".
Ah, seu moço, como essa frase tava querendo sair. Foi a alforria de um pedaço de vida que se colocou livre no ar do mundo. E ali, eles juntos se aprometeram, de um se relampageuear nos braços do outro.
- Contigo, moça eu vou desatar tudo que é nó.
-Contigo moço, vou acertar o passo e voar com você pela abrangência do infinito, na velocidade rara de um OVNI.

E assim ele mais ela terminaram juntinhos, abraçados um na cintura do outro, dançando o forró mais lindo que se dançou debaixo daquela lona amarelada, sentindo a quentura daquele chamego, que só eles sabem. No mundo inteiro. E o amarelo continuou a brilhar e esquentar a moleira daquele povo todo. Só que não vinha mais do sol de meio dia, nem da cor da lona da festa. Muito menos da bebida. O amarelo que alumiava todo o globo da Terra saia da cabeça do moço e do sorriso daquela moça que devolvei a vida pro seu amor.